ICA Philadelphia: Trevor Shimizu
Trevor Shimizu: Performance Artist apresenta um panorama dos vídeos, vídeo-pinturas e intervenções online do artista, oferecendo um comentário presciente e comovente sobre afeto e identidade num momento social mediado tecnologicamente. Embora Shimizu seja reconhecido principalmente pelas suas pinturas e desenhos, as obras em que recorre a um suporte tecnológico ajudam a reformular a sua prática como uma forma expandida de performance. Frequentemente produzidos com recurso a tecnologias digitais lo-fi e de acesso generalizado, os seus trabalhos são reminiscentes das estratégias empregues por uma geração anterior de video-artistas com quem dialogou diretamente enquanto trabalhou como diretor técnico da Electronic Arts Intermix (EAI) em Nova Iorque. Da mesma forma que esses artistas produziram inicialmente trabalhos usando Sony Portapaks e outras câmaras de vídeo, Shimizu usa as ferramentas tecnológicas que tem à sua disposição para simultaneamente registar ações para a câmara e utilizar a linguagem visual dos mass media noutros suportes.
Para Shimizu, o vídeo entendido de forma expandida estabelece uma relação provocatória com a pintura. Dos filmes dos meados do século XX sobre Pablo Picasso e Jackson Pollock, nos quais o processo de trabalho do artista masculino e “génio heróico” é documentado através de marcas feitas diretamente no que parece ser a lente da câmara, aos touch screens contemporâneos, a interseção entre pintura e imagem em movimento tem cada vez mais confundido a pincelada de um pincel com o swipe de um dedo no ecrã. Na sua série de vídeo-pinturas, Shimizu associa os seus vídeos existentes a grandes telas não engradadas onde foram cortados buracos para para caber um dispositivo tecnológico. Estas molduras pictóricas para vídeo são geralmente produzidas de uma de duas maneiras: ou monocromos ou abstrações gestuais. Ainda que vídeos e pinturas sejam diferentes na sua apresentação, Shimizu vê os dois modos de trabalhar como provenientes "da perspectiva de uma personagem", o que pode ser, por sua vez, entendido como uma espécie de performance do seu papel enquanto artista.[1]
Nestas obras, a apresentação impassível torna por vezes difícil discernir entre Trevor Shimizu, o indivíduo e Trevor Shimizu, o artista como personagem. O humor seco que permeia grande parte do seu trabalho atua, assim, como uma espécie de máscara para a sua investigação crítica sobre a identidade e a apresentação do eu. Embora não exista uma única personagem representada no trabalho de Shimizu, ele tende a gravitar para a figura do "macho beta". Ao contrário das associações negativas frequentemente disseminadas por subculturas da Internet mais antagonistas, como incels, edgelords e brogrammers, Shimizu oferece uma representação mais vulnerável da subjetividade masculina mediada. Os seus retratos autoconscientes e muitas vezes autodepreciativos - do fã passivo ao romântico rejeitado, bem como as suas fantasias idealizadas de outros possíveis eus - falam-nos de inseguranças compartilhadas e de uma necessidade coletiva de pertencer.
— Alex Klein, Dorothy & Stephen R. Weber (CHE’60) Curator
Institute of Contemporary Art, University of Pennsylvania, Philadelphia
Trevor Shimizu (1978; vive e trabalha em Long Island City, NY) expôs individualmente no Rowhouse Project, Baltimore; e Kunsthal Charlottenborg, Copenhaga. O seu trabalho foi mostrado na Electronic Arts Intermix, Nova Iorque; na White Columns Annual, Nova Iorque; na Whitney Biennial, Nova Iorque; no Queens Museum of Art, Nova Iorque; e no High Museum of Art, Atlanta.
Trevor Shimizu: Performance Artist é organizada por Alex Klein, Dorothy & Stephen R. Weber (CHE’60) Curator, Institute of Contemporary Art, University of Pennsylvania (ICA), em colaboração com a Kunsthalle Lissabon, como parte do seu décimo aniversário. A colaboração resulta do projeto I is for Institute, co-organizado com o ICA Spiegel-Wilks Curatorial Fellow Tausif Noor, que examina as perceções e parâmetros de funcionamento de instituições de arte contemporânea com vista a criar um diálogo sobre como as podemos re-imaginar. O projeto desenvolve-se a partir de um conjunto de colaborações expositivas e conversas com curadores em torno de reflexões sobre os seus contextos locais e institucionais. As conversas encontram-se arquivadas em iisforinstitute.icaphila.org.
[1]“Confusing and Accurate and Deadpan: Trevor Shimizu Interviewed by C. Spencer Yeh,” BOMB, February 19, 2019, https://bombmagazine.org/articles/confusing-and-accurate-and-deadpan-trevor-shimizu-interviewed/.
Apoio para a pesquisa e desenvolvimento de I is for Institute recebido do The Pew Center for Arts & Heritage.
A Kunstalle Lissabon é apoiada pela República Portuguesa / DGArtes, FfAI, Coleção Maria e Armando Cabral. O projeto Trevor Shimizu: Performance Artist conta ainda com o apoio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Fundação EDP, Galerias Municipais/EGEAC, Galeria Francisco Fino, MONITOR LISBON e Galeria Vera Cortês.