Naufus Ramírez-Figueroa: Shit-Baby and the Crumpled Giraffe
A Kunsthalle Lissabon apresenta Shit-baby and the Crumpled Giraffe, a primeira exposição individual em Portugal de Naufus Ramirez-Figueiroa (Guatemala, 1978). A exposição inaugura dia 20 de setembro, às 18:30, encontrando-se aberta ao público de 21 de setembro a 2 de dezembro de 2017.
No seu trabalho Naufus Ramírez-Figueroa procura confrontar narrativas históricas com memórias pessoais. A sua relação com o passado, principalmente o da América Latina, é um emaranhado da História a que Ramírez-Figueroa acede através da sua própria biografia. Nos seus projetos, que tomam a forma de performances e instalações, recorre às linguagens do folclore, da ficção científica e do teatro para reformular esses eventos e respetivos protagonistas através das suas experiências pessoais.
Para a Kunsthalle Lissabon Naufus Ramirez-Figueiroa desenvolveu uma nova instalação que parte do seu interesse pela infância e pela forma como o corpo funciona ou é treinado a funcionar, nomeadamente, como somos treinados, enquanto crianças, a usar o bacio. O seu interesse por esta fase da vida e por aquilo que é projetado no universo infantil surge já em trabalhos anteriores, como Illusion of Matter, recentemente apresentado na Tate Modern, Props for Erendira, apresentado na 10ª Bienal de Gwanju ou ainda No se como decir no se, apresentado na Galeria Sultana.
Ao entrar na exposição, o visitante vê pequenos e variados objetos no chão, os quais, após uma inspeção mais cuidada, são identificados como bacios e fezes laboriosamente esculpidos em esferovite e pintados com pigmentos minerais e tintas epóxi. A semelhança com objetos em cerâmica vidrada é desconcertante. Após este primeiro encontro, o olhar desvia-se para uma escultura maior que domina o campo de visão. A aproximação a esta peça revela-a como uma criança que olha diretamente para uma cegonha que transporta uma trouxa de fezes.
Todo o chão da Kunsthalle Lissabon está coberto por essas esculturas representando fezes e bacios, semelhantes a jóias e, ao progredir pelo espaço, o visitante vê uma outra escultura, que parece antiga, e, cuja forma recorda uma girafa. Esta é a girafa referida no título da exposição. O espaço é ainda atravessado por uma escultura que se assemelha, em forma, a uma serpente e que paira por cima da instalação. É matéria fecal nascida no ar, um espírito em levitação expelido das entranhas de um interior desconhecido.
Esta instalação, produzida especificamente para a Kunsthalle Lissabon, nasce desse mundo fantástico em que Ramírez-Figueroa se move. O artista funciona muitas vezes como um encenador que dá forma a ecos traumáticos, criando imagens impressionantes que evocam sentimentos simultaneamente distintos e irreconciliáveis, que nos falam tanto de um passado violento como de um presente turbulento, sempre com uma certa dose de humor.
Naufus Ramirez-Figueiroa (1978) é um artista guatemalteco atualmente a viver em Berlim. Licenciou-se em Media Art na Universidade Emily Carr em Vancouver, em 2006, e fez uma pós graduação na Escola de Arte do Instituto de Chicago, em 2008. Em 2013 completou o programa na Jan Van Eyck Academie em Maastricht.
Entre as suas mais recentes exposições individuais estão Linnæus in Tenebris, CAPC, Bordéus (2017), Two Flamingos Copulating on Tin Roof, Mies van der Rohe Award 2017, Museum Haus Lange e Haus Esters, Krefeld (2017); God’s Reptilian Finger, Gasworks, Londres (2015).
As suas performances foram apresentadas no LACMA em Los Angeles, Museu Guggenheim em Nova Iorque, Tate Modern em Londres, Kunst-Werke em Berlim e no Koninklijk Instituut voor de Tropen em Amsterdão, como parte da edição VI - Event and Duration da plataforma If I Can't Dance, I Don't Want To Be Part Of Your Revolution (2015/16).
Recentemente o seu trabalho foi mostrado como parte de Viva Arte Viva, 57ª Bienal de Veneza (2017); Incerteza viva, 32ª Bienal de São Paulo (2016); Burning Down the House, 10ª Bienal de Gwangju (2014).
Em 2016, foi artista residente no programa Artists-in-Berlin do DAAD.
A Kunsthalle Lissabon é generosamente apoiada pelo Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes, pela Coleção Maria e Armando Cabral e pela Teixeira de Freitas, Rodrigues e Associados. A exposição Shit-Baby and the Crumpled Giraffe teve o apoio da Câmara Municipal de Lisboa - Pólo Cultural Gaivotas/Boavista.