Quinze Anos de Amor na República dos Pangolins
A Kunsthalle Lissabon tem o prazer de anunciar a inauguração da terceira e última exposição que celebra o 15ª aniversário da instituição. A curadora convidade é Filipa Ramos, uma das mais internacionais curadoras portuguesas. A exposição apresenta trabalhos de Ad Minoliti, Amalia Pica, Daniel Gustav Cramer, Flora Rebollo, Gabriel Chaile, Haris Epaminonda, Irene Kopelman, Jonathas de Andrade, Luís Lázaro Matos, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Mounira Al Solh, Nuno Sousa Vieira, Sheroanawe Hakihiiwe, Sol Calero, Teresa Solar Abboud e Wilfredo Prieto.
Nas palavras da curadora:
Há quinze anos, quando a Kunsthalle Lissabon começou, o contexto em Portugal tornava poucos sonhos possíveis. Mas havia um desejo incrível de mudança e muito por fazer. Esses anos também testemunharam uma mudança geracional, caracterizada por um novo espírito de colaboração entre artistas e profissionais artísticos, unidos pela vontade de reafirmar o papel da arte na sociedade. Muitos artistas e curadores emergentes encontravam noutros lugares o que faltava em Portugal, questionando-se muitas vezes sobre o porquê de existirem tantos centros de arte ágeis lá fora, com um programa inclusivo, aberto à experimentação, divertido, inteligente e criativo, enquanto que, em Lisboa, tal coisa não passava de uma miragem. Foi então que surgiu a Kunsthalle Lissabon, que encontrou a sua casa num edifício deslumbrante mas degradado na Avenida da Liberdade, juntamente com uma série de outras iniciativas e estúdios de artistas com quem partilhavam o espaço. O resto é história.
Há quinze anos, quando a Kunsthalle Lissabon começou, fiquei irritada com o seu nome. A Alemanha, liderando a União Europeia, tinha imposto grandes restrições à economia portuguesa, colocando indivíduos, famílias, as artes, empresas e as finanças do país num estado de desespero. Não conseguia encontrar qualquer bom argumento para usar um nome com uma associação germânica, mesmo que o objetivo fosse preencher uma lacuna em Portugal e demonstrar que, às vezes, basta dizer que algo é verdade para que isso se concretize. Em 2009, Lisboa, Lisbon, Lissabon ganhou uma Kunsthalle, apesar de todos os contratempos. Uma Kunsthalle que insistiu, persistiu, avançou, abraçou, lutou, dançou, explorou, inventou, apoiou, acolheu, foi acolhida e ajudou a fomentar e unir uma cena. Finalmente fiquei convencida.Há quinze anos, quando a Kunsthalle Lissabon começou, não podia imaginar que estaríamos aqui, quinze anos depois, a celebrar a adolescência desta instituição que agora poderá talvez rebelar-se, descobrir os seus talentos ocultos ou enfrentar algumas turbulências emocionais, típicas da sua idade. Ou talvez fazer algo inesperado. Provavelmente devia dizer que mal posso esperar para ver o que os próximos quinze anos da Kunsthalle Lissabon irão trazer. Na verdade, não. O que mal posso esperar é para ver o que o João Mourão e o Luís Silva sentirão vontade de fazer nos próximos quinze anos. Este espaço é um produto de amor, do amor deles e do amor que criaram à sua volta, e é por isso que o título desta exposição fala de quinze anos de amor.
Em primeiro lugar, o título alude ao amor deles, e depois ao nosso amor também, de nós, aqueles que foram tocados por e participaram nele. Quinze Anos de Amor na Républica dos Pangolins revisita a história da Kunsthalle Lissabon, apresentando o trabalho de dezasseis artistas que exibiram as suas obras ao longo destes anos, de 2009 a 2023. Estas quinze obras abordam expressões de amor e regeneração, que se revelam de várias formas, desde o afeto filial e a colaboração, a formas de solidariedade com pares e comunidades, manifestações de afinidade para com outros seres vivos, expressões de amor-próprio e cura, ou classificações taxonómicas de modalidades de comunicar e declarar amor.
Há quinze anos, quando a Kunsthalle Lissabon começou, o artista Luís Lázaro Matos ainda era um estudante de Belas-Artes. Nessa altura, ele não poderia ter imaginado que a bandeira da República do Pangolim, que criou mais tarde, em 2020, se tornaria uma realidade. O título desta exposição também celebra o facto de que o amor torna tudo possível e até Kunsthalles, até Repúblicas do Pangolim. Como se viu, por vezes basta dar um nome a algo para que isso se torne verdade. Assim como a Kunsthalle Lissabon cumpriu a sua missão auto-atribuída ao longo destes últimos quinze anos, estou quase certa de que a República do Pangolim está também prestes a ser formada.