Federico Herrero: Tactiles
A Kunsthalle Lissabon apresenta Tactiles, a primeira exposição individual em Portugal do artista costa-riquenho Federico Herrero.
A palavra “táctil”, derivada do grego antigo “haptikós”, significa literalmente “capaz de entrar em contato com”. A capacidade de Herrero de entrar em contato com a paisagem envolvente vai muito além do simples contato físico, muito pelo contrário: muitas vezes começa com o simples olhar que, delicadamente, roça as superfícies que compõem as cidades, e capta as suas vibrações mais intensas.
Tactiles é concebida como uma exposição site-specific, onde cores e estruturas arquitetónicas primordiais dão um novo ritmo ao uso do espaço expositivo. No centro da primeira sala encontramos um grupo de formas piramidais de cimento, enquanto ao seu redor as cores parecem escalar as paredes em busca da luz que as gerou. Na segunda sala a atmosfera torna-se rarefeita enquanto estruturas de madeira e cimento marcam tanto o espaço como a sua nova fruição que, juntas, com suas cores e composições, parecem refletir outros aspetos fundamentais da prática de Federico Herrero: harmonia, equilíbrio e calma.
Conhecido pelas suas pinturas locais coloridas, a pesquisa de Herrero esconde as suas raízes no urbanismo e na observação precisa de paisagens, cidades e de todas as formas e cores que silenciosamente as povoam enquanto moldam a cultura visual de cada lugar.
Ao construir um diálogo através do desdobramento do espaço expositivo, Herrero presta a máxima atenção ao espaço e à maneira como este se revela diante dos seus olhos, descobrindo a cada vez novas perspetivas e soluções, sempre diferentes de acordo com o ponto de vista a partir do qual se apresentam ao artista.
Influenciado pelas formas que salpicam o quotidiano, o artista abraça a liberdade onde cores, formas e cultura colidem para criar uma linguagem livre de qualquer tipo de esboços e ideias preestabelecidas. No entanto, nada é deixado ao acaso na pesquisa de Herrero: de facto, cada cor e cada forma fazem parte de um sentido preciso do local, utilizando a intuição como principal ferramenta e, às vezes, o vocabulário do expressionismo abstrato para construir a sua poesia visual. O artista começa por seguir um sentimento e leva-o à sua expressão máxima, muitas vezes chegando a uma abordagem monumental.
Herrero captura a natureza fragmentada e multifacetada das paisagens urbanas através de alguns elementos simples, não retratando apenas um momento preciso, mas transmitindo um sentido único de duração, que inclui a sua evolução contínua e a sua adaptação a fatores externos.Olhando para a obra de Federico Herrero, a impressão não é a de olhar para uma imagem cristalizada, mas, como escreveu John Berger para descrever as fotografias de Paul Strand, “tem-se a estranha impressão de que o tempo de exposição é o tempo da vida”.
Federico Herrero (1978, San José) vive e trabalha em San José, Costa Rica. Em 1998 frequentou o Pratt Institute, em Nova Iorque e desde 2001 apresenta inúmeras exposições individuais internacionais e instalações públicas em cidades como Nova Iorque, São Paulo; São Francisco; Düsseldorf, Alemanha; Kanazawa, Japão; Tóquio; Cidade do México; e Londres. Os principais projetos recentes incluem: The sun and the moon, Mendes Wood DM, Bruxelas (2021); Barreras Blandas, Museu Nacional da Costa Rica, San José (2020); Tempo aberto, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Rio de Janeiro (2019); Open Envelope, Witte de With, Roterdão, Holanda (2018); e Alphabet, uma instalação site-specific para o átrio do Museu de Arte Contemporânea de Chicago (2018). Herrero recebeu o Young Artist’s Prize na 49a Bienal de Veneza (2001) e o seu trabalho está na coleção permanente de várias instituições, incluindo a Tate Modern, Londres, Reino Unido; Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid, Espanha; e o Museu Guggenheim, Nova Iorque, EUA. Herrero também é o fundador do Despacio e membro do cero uno, ambos espaços de arte contemporânea na sua cidade natal, San José, forças no desenvolvimento contínuo da voz artística da América Central.
Kunsthalle Lissabon é gentilmente apoiada pela República Portuguesa / DGArtes, Câmara Municipal de Lisboa, Coleção Maria e Armando Cabral.